Conteúdo organizado por Claudia Regina Benedetti e Deborah Costa do livro The Design & Management of Effective Distance Learning Programs by IGIGlobal © 2002. Versão atualizada em 2021.
História da educação a distância
Diferentes literaturas consideram diferentes marcos para definir o início da educação a distância e suas diferentes fases, também chamadas de gerações. Alguns autores consideram, por exemplo, que a educação a distância (EaD) surgiu com a escrita, isso porque, com o desenvolvimento da escrita, o processo de comunicação liberta-se no tempo e no espaço, não sendo mais necessária a presença simultânea das pessoas em um mesmo local para que haja comunicação, diferentemente do ocorria nas sociedades primitivas, em que a escrita não estava estabelecida e a comunicação era, essencialmente, presencial (MAIA; MATTAR, 2007).
Nessa perspectiva, os autores consideram que as primeiras manifestações da escrita, realizadas em pedras, através de desenhos que procuravam copiar ou imitar objetos, representam os primeiros exercícios da comunicação à distância. Outros autores consideram que as cartas de Platão e as Epístolas de São Paulo são as primeiras manifestações de Educação a Distância. Há, no entanto, autores que consideram que a Educação a Distância só se tornou possível com a invenção da imprensa, no século XV, pois a invenção de Gutenberg possibilitou que as ideias pudessem ser compartilhadas e transmitidas para um maior número de pessoas, intensificando os debates, bem como a produção e reprodução do conhecimento (MAIA; MATTAR, 2007).
Em linha com algumas literaturas atuais (CORREIA, 2016), consideramos que a educação a distância surge mais recentemente e pode ser dividida em cinco gerações: ensino por correspondência, ensino por mídias de rádio e TV, fase inicial das tecnologias de comunicação como o satélite, a geração do acesso à tecnologia e globalização e, enfim, a globalização com o advento da internet. Vamos conhecer com mais detalhes cada uma dessas gerações.
A primeira geração refere-se ao ensino por correspondência e relaciona-se ao ensino como instrução (CORREIA, 2016), nessa geração os materiais impressos eram encaminhados pelo correio (MAIA; MATTAR, 2007) e divulgados em jornais e revistas como mecanismo para estimular o estudo independente e autônomo (CORREIA, 2016). Esse modelo de ensino foi apoiado por universidades na Inglaterra (1840), Alemanha (1856), Suécia (1883), Espanha e França (1900-4), Estados Unidos (1874), Brasil e Austrália no início do século XX (CORREIA, 2016).
A segunda geração da EaD se destaca pelo uso de novas mídias como televisão e rádio. O rádio é considerado o primeiro mediador para a educação a distância e seu surgimento, no início do século XX, trouxe intensa motivação aos professores quanto ao seu potencial para a educação. A Universidade de Salt Lake City foi a primeira a obter autorização, em 1921, para experiências com a utilização do rádio para a EaD (CORREIA, 2016).
No Brasil, o Projeto Minerva, desenvolvido pelo Ministério da Educação em parceria com o Ministério das Comunicações visava formar alunos de 1º e 2º graus e alcançava, diariamente, cerca de 300.000 pessoas em todo o país, consagrando-se como um importante exemplo da utilização do rádio em prol da educação (CORREIA, 2016).
A terceira geração é marcada pelo início da transmissão via satélite e da conjugação de áudio e vídeo, possibilitando compactar e acessar informações de forma mais dinâmica, como com a utilização de fitas cassete. É nessa fase que surgem as universidades abertas (UAs) (CORREIA, 2016). O principal objetivo de uma universidade aberta é oferecer maior acesso ao ensino superior, por isso, na maioria das vezes, essas universidades não possuem restrição para acesso (MENEZES, 2001) e, em geral, são as maiores universidades em número de alunos. As UAs impulsionaram o interesse pela EaD e foram influenciadas pelo modelo da Open University, primeira universidade aberta inglesa, fundada em 1969 (MAIA; MATTAR, 2007).
Conheça alguns exemplos de universidade abertas pelo mundo:
A quarta geração da EaD é caracterizada pela amplitude tecnológica garantindo maior acesso à tecnologia. É nessa fase que foram introduzidas a utilização do videotexto, do microcomputador, da tecnologia de multimídia, do hipertexto e de redes de computadores. Essa geração é marcada também pela globalização. A utilização de teleconferências, fax, páginas da web, grupos online e correios eletrônicos tornaram a comunicação mais ativa, dinâmica e interativa (CORREIA, 2016).
O avanço tecnológico que possibilitou a redução do computador e o aumento da capacidade de armazenamento, garantiu a expansão da comunicação, permitindo a ampliação do público. Nesse cenário, mesmo diante do grande número de excluídos virtuais, quando avaliamos o contexto mundial, o acesso à informação é bem maior, rico e flexível (CORREIA, 2016).
Não há dúvidas que o crescimento explosivo da internet trouxe um ponto de disrupção para o contexto da EaD, e a partir daí, surgem inúmeras instituições de educação a distância (MAIA; MATTAR, 2007). Nota-se também, que a EaD passa a ser objeto de pesquisa e várias associações, organizações e consórcios procuraram direcionar seus esforços em EAD. Podemos destacar aqui as seguintes:
É importante relatar também, a utilização da EaD por empresas que, na década de 1990, deu origem às universidades corporativas.
A quinta geração é marcada pelo surgimento das plataformas de ensino mais diversificadas, flexíveis e interativas. Com o advento da internet, surge a EaD online e professores e alunos passam a ter acesso a repositórios de conteúdo, estratégias, materiais e ferramentas de ensino. A EaD torna-se menos linear e mais criativa e movimentos como o dos Massive Open Online Courses (MOOCs) tornam-se cada vez presentes e diversas instituições passam a oferecê-los: Coursera, Veduca, Udemy, Edx e Khan Academy (CORREIA, 2016)
Conceitos fundamentais:
A sigla EAD significa educação a distância. Por essa razão, convém falar/escrever ‘a’ EAD, não ‘o’ EAD. Quem utiliza a expressão no masculino tem em mente a expressão ensinoa distância, considerada menos rica do que educação a distância, já que o ensino é apenas um dos componentes da educação, concebida como um processo de ensino e aprendizagem.
Materiais complementares
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Em Resumo
Como vimos, o aprendizado a distância sempre existiu, mas seu alcance era mais restrito. Com o desenvolvimento das novas tecnologias e, sobretudo da internet, a EaD expandiu de forma significativa e de forma mais diversificada, flexível e interativa. Hoje essa modalidade de ensino é oferecida por diversas instituições.
Referências
Bibliográficas
Correia, R. A. R. (2016). Introdução à educação a distância. São Paulo: Cengage.
Discenza, R.; Howard, C.; Schenk, K. (2002) The design & management of effective distance learning programs. Hershey: Idea Group Publishing.
Maia, C.; Mattar, J. (2007). ABC da EaD: a educação a distância hoje. São Paulo: Pearson.
Mattar, J. (2012) Guia de educação a distância. Issuu, Cengage Learning. Disponível em: <https://issuu.com/cengagebrasil/docs/9788522110612/10>. Acesso em: 08 maio 2021.
Menezes, E. T. (2001). Verbete universidade aberta. Dicionário Interativo da Educação Brasileira - EducaBrasil. São Paulo: Midiamix Editora, 2001. Disponível em <https://www.educabrasil.com.br/universidade-aberta/>. Acesso em 08 mai 2021.
DISTANCE LEARNING TECHNOLOGIES AND APPLICATIONS - EDU612 - 1.1
História da educação a distância
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Livro de referência:
The Design & Management of Effective Distance Learning Programs
Richard Discenza, Caroline Howard and Karen Schenk
IGI Global © 2002